Durômetro Starrett

Quando falamos em lâminas, geralmente fazemos observações subjetivas. Sempre falamos sobre “meu formão tem um aço superduro”. Porém, existem formas de medir a dureza de materiais que buscam categorizar durezas e fazer ensaios de conferência de produção. Vamos entender um pouco como funciona esse ensaio e, enfim, ter uma base para interpretar números como 59 HRC (escala de dureza Rockwell).

Quais os tipos?

Em primeiro lugar, é importante saber que existem vários métodos para fazer ensaios de dureza. Cada um deles possui um número ou escala específica. Ou seja, para comparar durezas de materiais é preciso comparar escalas iguais, já que não dá para calcular facilmente tal qual fazemos com centímetros X polegadas. Melhor dizendo, até existem tabelas comparativas, mas não há uma conversão lógica. Aliás, se tiver interesse, é possível baixar essa tabela em nosso menu de download de manuais.

Os principais ensaios utilizados são: dureza Brinnell, representada como HB; dureza Vickers, cuja sigla é HV; e dureza Rockwell, representada como HR. Porém cada tipo de ensaio possui suas variações de acordo com o instrumento utilizado na medição e tipo de material que foi testado. Nesse artigo vamos abordar o mais utilizado em nosso segmento (lâminas para formões e plainas), o padrão Rockwell.

Padrões de dureza Rockwell

Os padrões de dureza Rockwell possuei diversas variações e você pode encontrá-las descritas com as siglas HRA, HRB, HRC, etc. No caso de lâminas temperadas de plainas e formões, o padrão utilizado é o HRC. Também pode ser representado em algumas ocorrências apenas como RC. Esse é o padrão para testar aços temperados.

O padrão Rockwell é determinado em uma máquina que aplica uma determinada força sobre o material testado. Essa força é direcionada em uma ponta de diamante ou uma esfera de metal duro que marca o material, no caso um formão ou uma plaina. Embora essa marca seja superficial, podendo ser vista a olho nu, não inutiliza o material.

Para medir a dureza da peça, aplica-se uma primeira carga para zerar o equipamento. Depois de zerado, aplica-se a segunda carga. Finalmente, o número HRC é obtido medindo a diferença da profundidade entre a primeira e a segunda carga.

Essa é uma explicação rápida e muito simplificada sobre o processo. Caso deseje se aprofundar no assunto, existem muitos materiais gratuitos na internet sobre ensaio de dureza. Um desses materiais pertence ao curso do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, que é justamente o PDF disponível no link na sentença anterior.

Mas o que fazer com essa informação?

Aqui é que simplificamos as coisas. Como referência, formões de boa qualidade como os formões WoodRiver possuem dureza na faixa de 59-63 HRC. Adicionalmente, a Narex especifica a dureza de suas lâminas em 59 HRC. A partir dessa referência, pode-se ter uma ideia para comparar diferentes marcas.

Os formões japoneses Topman têm uma dureza de 63 HRC +ou- 2. Isso significa que os ensaios de dureza Rockwell informam não uma dureza específica, mas sim uma faixa de dureza. No caso da Topman, o formão testado apresentou 63HRC, estando na faixa de 61-65 HRC.

Concluindo: a dureza Rockwell é importante?

Sim! É uma informação técnica para comparação entre diferentes forjas. Aços mais duros cortam melhor e têm fio de corte mais duradouro. Consequentemente, é possível conseguir uma afiação mais cortante, para impressionar os mais exigentes artesãos!

Comparando os números de dureza, será possível escolher melhor sua ferramenta pois sua análise deixará de ser apenas subjetiva.

Mas atenção: aços mais duros são também mais quebradiços. Por isso, cada madeira que irá trabalhar, terá que analisar melhor o ângulo de afiação, como já escrevemos em um artigo publicado em nosso blog. Geralmente os formões vêm com um ângulo de afiação médio, de 25º, ideal para madeiras de dureza média. Se utilizar esse ângulo em uma madeira dura, como maçaranduba, cumaru, sicupira, a lâmina vai se quebrar. Isso não indica problema do aço e sim problema do ângulo de corte. Dessa forma, caracteriza mau uso da ferramenta.

Detalhe do perfil do ângulo de ataque de um formão
O formão tem que ser preparado de acordo com a madeira que irá trabalhar. Leia o artigo completo aqui!

Agora que você já sabe um pouco mais sobre dureza de aço, aproveite para estudar mais clicando nos links que disponibilizamos nesse artigo. Caso tenha dúvidas, pergunte-nos nos comentários abaixo. Assim enriquecemos ainda mais o conteúdo do blog Empoeirados. Bom para vocês, bom para nós, ótimo para engrandecer a comunidade de marceneiros do Brasil!

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6 Comentários

    1. Teoricamente sim, João. Porém não sou expert no assunto. Mas já fizemos uns testes e aumentou a dureza, embora não tenhamos equipamento para aferir. No entanto, após refazer a têmpera (use óleo automotivo velho mesmo), experimente batendo a peça com a têmpera refeita na peça sem refação da têmpera. A mais dura (que foi re-temperada) deve marcar a mais mole. Abraço!

    2. Olá, depende do material, se a composição química dele permitir dureza superior, depende da microestrutura formada na primeira tempera. Também depende do tempo, da temperatura e taxa de resfriamento.
      A têmpera é um processo complexo, para se obter durezas extremas do material é necessário processos muito bem controlados.

  1. Muito boa a matéria. Com respeito ao tratamento térmico… Nunca esquecendo do revenimento após a tempera. Abração

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